Aversão à tecnologia
— Internet? Sei não...
Meu pai tem 80 anos e uma enorme resistência a qualquer tipo de tecnologia. Não por nenhuma limitação intelectual, mas por puro preconceito mesmo. Imagina quando um filho seu, jornalista de formação, que trabalhara na Veja, Folha e JT, decidiu ir trabalhar em um produto virtual – que no caso dele ganha um sentido misterioso, inimaginável, incompreensível.
Ele é do tipo que acha que computador é uma coisa do demônio. Os computadores, para o meu pai, vieram mesmo para acabar com o mundo. Na concepção dele, todo lugar que depende do computador vive sob uma nuvem de problemas.
O melhor exemplo é “a maquininha de extrato do banco”, que tantas vezes indica que o sistema está fora do ar. Aposentado do Banco do Brasil, do tempo em que lá era “o melhor emprego do país”, meu pai diz que na sua época o caixa conferia a assinatura e anotava num canhoto o saldo do cliente. O caixa da agência, diz ele, “nunca saía do ar”.
Como com qualquer pessoa na terceira idade, é difícil a contra-argumentação. Não adianta lhe dizer que aqueles caixas old-fashioned não dariam conta das enormes filas que os bancos têm hoje em dia. Ou que ficou muito mais prático pagar uma conta no horário do almoço, sem sair de sua mesa de trabalho, ou no conforto do lar, a qualquer hora do dia ou da noite.
É verdade que essa comodidade do home banking acabou fazendo de cada um de nós um “autocaixa”. Quando digitamos aqueles 47 dígitos do código de barras de uma fatura, estamos fazendo nada menos que o trabalho de um bancário. Trabalho que meu pai fazia na agência do Banco do Brasil de Botucatu, no início de carreira. A nossa preocupação, no passado, era ter certeza de que a fatura tinha a “autenticação mecânica”. Hoje, temos de nos preocupar em não errar nenhum daqueles números.
Pois da mesma forma que meu pai não entende que a tecnologia veio agilizar o trabalho nos bancos e de quase todos os setores (os supermercados são os melhores exemplos disso!), não aceita que o computador é útil em quase todas as atividades profissionais. Ele acha que, se viveu até hoje sem um computador em casa, por que precisaria de um agora?
Na verdade, a aversão dele à tecnologia é externada também de outras formas. Forno de microondas, secretária eletrônica, celular. A explicação é sempre a mesma: quer cozinhar, use o fogão; se alguém ligar quando não estiver em casa, que ligue mais tarde – afinal, o que poderia ser tão urgente?
Nem mesmo quando a vida lhe prega uns sustos ele dá o braço a torcer. Ex-fumante convicto (durante cerca de quatro décadas), acabou tendo duas estadias na UTI depois dos 70. Tentei convencê-lo de que, além dos médicos e dos remédios, toda aquela parafernália tecnológica da UTI é que ajudou a salvar a vida dele. Qual o quê! Para ele, uma temporada respirando o ar puro da montanha o teria curado ainda mais prontamente. Nem a preocupação dos amigos que telefonaram durante a longa ausência convenceu-o a ter uma secretária eletrônica. “Eles me viram quando tive alta.”
Pois imagine o que é explicar para uma pessoa assim como é o trabalho com conteúdo na internet. Digo apenas que é como editar a primeira página de um jornal, só que várias vezes por dia. “Ah... sei...”, responde ele, sem muita convicção. E é claro que o trabalho com conteúdo web vai muito além disso. Temos de saber quem é nosso público, levar em conta as preferências dele ao programar o conteúdo, entender as pesquisas... Mas nem sonho em tentar explicar isso para ele. Afinal, meu pai lamenta até hoje que eu não tenha prestado o concurso do Banco do Brasil...
Meu pai tem 80 anos e uma enorme resistência a qualquer tipo de tecnologia. Não por nenhuma limitação intelectual, mas por puro preconceito mesmo. Imagina quando um filho seu, jornalista de formação, que trabalhara na Veja, Folha e JT, decidiu ir trabalhar em um produto virtual – que no caso dele ganha um sentido misterioso, inimaginável, incompreensível.
Ele é do tipo que acha que computador é uma coisa do demônio. Os computadores, para o meu pai, vieram mesmo para acabar com o mundo. Na concepção dele, todo lugar que depende do computador vive sob uma nuvem de problemas.
O melhor exemplo é “a maquininha de extrato do banco”, que tantas vezes indica que o sistema está fora do ar. Aposentado do Banco do Brasil, do tempo em que lá era “o melhor emprego do país”, meu pai diz que na sua época o caixa conferia a assinatura e anotava num canhoto o saldo do cliente. O caixa da agência, diz ele, “nunca saía do ar”.
Como com qualquer pessoa na terceira idade, é difícil a contra-argumentação. Não adianta lhe dizer que aqueles caixas old-fashioned não dariam conta das enormes filas que os bancos têm hoje em dia. Ou que ficou muito mais prático pagar uma conta no horário do almoço, sem sair de sua mesa de trabalho, ou no conforto do lar, a qualquer hora do dia ou da noite.
É verdade que essa comodidade do home banking acabou fazendo de cada um de nós um “autocaixa”. Quando digitamos aqueles 47 dígitos do código de barras de uma fatura, estamos fazendo nada menos que o trabalho de um bancário. Trabalho que meu pai fazia na agência do Banco do Brasil de Botucatu, no início de carreira. A nossa preocupação, no passado, era ter certeza de que a fatura tinha a “autenticação mecânica”. Hoje, temos de nos preocupar em não errar nenhum daqueles números.
Pois da mesma forma que meu pai não entende que a tecnologia veio agilizar o trabalho nos bancos e de quase todos os setores (os supermercados são os melhores exemplos disso!), não aceita que o computador é útil em quase todas as atividades profissionais. Ele acha que, se viveu até hoje sem um computador em casa, por que precisaria de um agora?
Na verdade, a aversão dele à tecnologia é externada também de outras formas. Forno de microondas, secretária eletrônica, celular. A explicação é sempre a mesma: quer cozinhar, use o fogão; se alguém ligar quando não estiver em casa, que ligue mais tarde – afinal, o que poderia ser tão urgente?
Nem mesmo quando a vida lhe prega uns sustos ele dá o braço a torcer. Ex-fumante convicto (durante cerca de quatro décadas), acabou tendo duas estadias na UTI depois dos 70. Tentei convencê-lo de que, além dos médicos e dos remédios, toda aquela parafernália tecnológica da UTI é que ajudou a salvar a vida dele. Qual o quê! Para ele, uma temporada respirando o ar puro da montanha o teria curado ainda mais prontamente. Nem a preocupação dos amigos que telefonaram durante a longa ausência convenceu-o a ter uma secretária eletrônica. “Eles me viram quando tive alta.”
Pois imagine o que é explicar para uma pessoa assim como é o trabalho com conteúdo na internet. Digo apenas que é como editar a primeira página de um jornal, só que várias vezes por dia. “Ah... sei...”, responde ele, sem muita convicção. E é claro que o trabalho com conteúdo web vai muito além disso. Temos de saber quem é nosso público, levar em conta as preferências dele ao programar o conteúdo, entender as pesquisas... Mas nem sonho em tentar explicar isso para ele. Afinal, meu pai lamenta até hoje que eu não tenha prestado o concurso do Banco do Brasil...
1 Comments:
Atualmente a humanidade tem o privilégio de realizar várias atividades praticamente ao mesmo tempo e a infinidade de conhecimentos que podemos absorver,bem como a resolução de problemas que antes tomava muito tempo para serem resolvidos,tudo isso a tecnologia nos fornece. Através de uma simples ligação do celular, esse senhor poderia tranquilizar as pessoas, informando-as da sua melhora quanto a sua saúde. E o mais importante, através da tecnologia é possível salvar várias vidas.Para isso, basta que o homem a utilize da forma correta.
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